Muitos. Muitos mesmo. Amigos pessoais e meus amigos de trabalho estão me questionando sem entender muito porque, em plenas férias, eu continuo a checar emails, trocar informações digitais, enviar, opinar. Para eles, eu "não estou de férias!". Mandam que eu apague o computador, que pare de olhar o email! Que vá aproveitar as férias! Mas ora, devo para eles (tenho feito isso sistematicamente) uma resposta. Como dizia Saramago, há um tempo para tudo. Um tempo para viver, um tempo para morrer. Um tempo para amar. Um tempo para nascer. E agora é um tempo para se mover. Mobilidade é uma palavra que está na origem e na explicação do comportamento do homem neste novo século. Só um exemplo: o que seria de nós sem a intensa necessidade dos navegadores, em se mover em busca de novos mundos? Novas conquistas e poder?
Se a obesidade será a doença a ser combatida neste século, não tenho dúvida que mobilidade é a palavra a ser pensada. E, exercitada. Sem exclusões. O pensamento é móvel. Mas uma LifeDrive da Palm com internet wireless e com a proliferação de hot spots é algo que cai bem na vida de quem precisa exercitar a onipresença de alguma maneira.
Querer estar em muitos lugares ao mesmo tempo é um desejo antigo do homem. Só conseguido na própria crença em Deus já que esta é uma qualidade, sabemos, divina. Mas agora ficou humana, vejam só! Sem ir contra e muito menos sem questionar as qualidades de Deus, me atrevo a dizer que a tecnologia nos permite essa onipresença. Tenho estado na Addcomm todo dia. Via Palm, via Notebook. Via fotos digitais. Assim como os milhares de turistas que cruzam comigo em férias.
E sabem que, mais do que fotos tiradas com máquinas digitais o que temos agora aqui são fotos tiradas com o próprio celular?!! Atrevo-me a prever que em mais um pouco e as máquinas sumirão das nossas mãos pois estarão acopladas no celular pelo simples fato que ali terão a possibilidade fundamental (já têm) de serem enviadas daquele exato momento direto para dividir com alguém em algum outro canto do mundo um fato "distante". E vem a pergunta da essência. Mas férias não é desligar de tudo? Viajar, parar de pensar em trabalho?
Pois é,aí entram as escolhas pessoais. Quando escolho ser feliz isso inclui o meu trabalho e, sinceramente, responder emails depois da vista deslumbrante do David de Michelangelo, sentada num bar, de frente para a obra de Giotto, no Duomo, é algo que posso achar muito especial...
E depois, tem sempre um hotel ocioso, um trem, um avião...Isto não me traz stress, não me angustia, não me tira o enlevo da visão da Pietá inacabada no Museu Duomo em Firenze. Isto é simplesmente mobilidade. É a tecnologia para seu prazer. Claro, se há os que preferem esquecer senhas, emails e tais... bem, é uma questão de escolha. E devem ser tão felizes quanto nós, os simples "mobiles" que são felizes em sair pelo mundo com mil olhos e mil conexões ;-)
A propósito, a primeira foto acima eu fiz de
uma das janelas do Uffizi, o lugar onde dormem, todo dia, Caravaggio, Michelangelo, Leonardo da Vinci, Boticelli, Del Sarto, Antonello, Rafael, Tiziano e por aí... A segunda foto é minha pobre máquina diante do que não se pode descrever, um pedaço de Michalangelo no teto da Sistina. Heresia digital... Ao lado, um 'mobile" como eu, na central ferroviária de Firenze, flagrado pela minha máquina. (rizzo)