Eu tenho algumas manias estranhas – sim, preciso revelar que mesmo eu, que as tenho, considera-as tão estranhas quanto meus amigos relatam. O que não chega a ser muito relevante se vocês imaginarem o que meus “inimigos” acham, rs. Bem, mas o fato é que uma dessas manias é ter abandonado o objetivo de aprender coisas que eu sei “mais ou menos”. Eu me recuso a tentar fazer qualquer coisa mais ou menos (daí imaginem o quanto a minha estatística pessoal de coisas medíocres é alta...mas é a vida...). Das duas uma, ou faço o que sei (ou que estou convencida de que sei) ou tento fazer algo que não sei nem por onde começar. Fazer algo mais ou menos dá muito trabalho. Não gosto deste tipo de “trabalho”.
Ao longo do tempo fui aperfeiçoando essa, digamos, “conduta de vida”. O objetivo sempre foi claro: ser um pouco melhor no que domino e aprender a atuar com desafios na outra ponta que não domino. Por isso foram ficando pelo caminho atividades que sempre fiz mais ou menos. Exemplos: dividir por dois (ou qualquer operação de multiplicar), recordar caminhos (de qualquer natureza), arrumar a casa com decência, dirigir automóveis, anotar valores de cheques no talonário, guardar notas de cartão de crédito, combinar mais de 2 cores numa mesma roupa, fazer maquiagem... . ih... dava umas 10 laudas.
Em outra ponta, entre as coisas que eu – sem modéstia – acho que sei fazer, me orgulho bastante de: entender de futebol igual aos homens e não me preocupar com o preconceito deles, digitar rapidamente sem olhar para o teclado, concordância verbal, fazer peixe no sal grosso, bagunçar com critério máximo (5 estrelas) os quartos de hotéis onde me hospedo e ter a capacidade de me sentir surpreendida toda dia com as novidades da internet. Ser sempre uma “burra” diante do monitor. É a melhor maneira de aprender.
O intróito todo aí de cima é porque esta semana eu fiquei elocubrando sobre como realmente o Google nos “jogou” numa outra esfera de conhecimento. Não apenas pelo tão propalado acesso à informação.E sim, fundamentalmente, porque não nos dá mais a menor possibilidade de sermos preguiçosos ou “burros” simplesmente. Pois é, não dá mais! Sempre haverá alguém que o questionará: mas você não consultou o Google?
Se o seu cliente pergunta como se faz tapioquinha no Maranhão, você acha no Google. Se o seu colaborador pergunta o que é mesmo a web 2.0... tá tudo no Google. Se o seu médico diz que você tem pereba na unha, você vai pesquisar a árvore genealógica dela na web. Tá tudo lá. Com nome, sobrenome, amigos, inimigos, código genético, árvore genealógica, comunidade pró, comunidade contra, blog de adorador... Tudo!
Daí eu não entender muito bem porque algumas empresas ainda bloqueiam acesso a determinados sites da internet. Sob o argumento da baixa produtividade (provavelmente elaborado por um nerurônio de bueiro) essas empresas estão perdendo a grande chance de ampliar a capacidade de sua geração de colaboradores através do braço virtual do Google. O que, certamente, lhes daria mais argumentos para preparar “aquela” estratégia para lançar produto; aquele argumento para defender uma campanha; aquele achado maravilhoso do benchmark e por aí vai.
Então, chego eu à conclusão que se o Google baniu inevitavelmente a burrice do mundo nós deveríamos estar mais abertos para “aceitar”o crescimento das pessoas através desse meio, sem preconceitos, nos postando como “burros” novos diante da web. No sentido de que aprender é a melhor coisa da vida. Não aprender apenas o mais ou menos. Mas o que nos desafia de verdade. Nosso processo de adquirir conhecimento mudou. A língua portuguesa inevitavelmente está mudando. As empresas precisam mudar também. E rapidamente. Ou virarão estátuas de sal.
Por Risoletta Miranda (Presidente Addcomm)
16 outubro 2007
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