Eu nasci numa cidadezinha da Região Amazônica chamada Abaetetuba. Em Abaetetuba, na minha infância, todos os dias a vida era linda porque era mais um dia para se sonhar. E, como em todos os sonhos de criança, os meus sonhos passavam por caminhos além da imaginação. Eu queria ser astronauta. Queria voar de avião. As canoas, o barco que ia para Belém, até os carros eram mais ou menos comuns. Mas voar era para aquela coisa de metal que nunca passava no meu céu. Eu era apaixonada por voar mas isto era um sonho. Passei a infância sem realizá-lo.
Eu cresci e os sonhos vieram comigo. Voei de monomotor, bimotor, helicóptero, Brasília e até em um Búfalo da Aeronáutica. Mas a viagem dos meus sonhos eu voei em um airbus da Varig. Foi a viagem da minha vida. Rio - Frankfurt e de lá para Paris. Embarquei com o coração árido e triste e voltei apaixonada. A Varig tinha sido muito mais do que meus sonhos profetizavam. Ela tinha me levado para Paris. Para lá eu me apaixonar. Sem querer ela era um dos vértices de um belo triângulo amoroso.
Depois de tanta agonia de quebra, falência, fecha-não-fecha, a Varig foi comprada há 1 mês. Mas uma semana antes da compra, no epicentro dessa confusão, quando não se sabia se a Varig ia mesmo ser comprada ou que futuro incerto a esperava, eu estava em SP. Tinha um bilhete da Gol para voltar ao Rio. Olhei para aquele guichê vazio e lembrei do meu sonho de menina. Guardei o bilhete e fui ao guichet da Varig. Comprei um bilhete para a ponte do horário mais próximo. O avião decolou pontualmente com uns 15 passageiros. Eu não ia para Paris. Mas eu estava cumprindo um sonho de agora: a Varig estava voando. E se ela voava ela estava viva. E se ela estava viva tinha uma chance de continuar sonhando. E aí veio a boa sensação de que a Varig vai continuar levando muita gente para encontrar com seus sonhos. Estejam eles onde estiverem. (Rizzo)
13 agosto 2006
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